A Transição para um Ecossistema Circular em 6 passos

Aline Faria
Bridge Ecosystem
Published in
4 min readApr 17, 2021

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Ecossistemas de negócios têm um forte vínculo com inovação. Nesse sentido, destacamos aqueles que buscam esses preceitos para transformar a sua vantagem competitiva de modo a contribuir (também) com o meio ambiente. As questões ambientais do nosso planeta já são datadas e diversos tipos de atores na nossa sociedade contemporânea expressam e agem de acordo com essas preocupações.

Assim, ecossistemas de negócios também podem ser — e muitos são — desenvolvidos de forma a contribuir para uma mudança de uma economia linear para uma que seja circular. Isso é, produtos (ou partes deles) retornando à cadeia de produção, ao invés de simplesmente descartados. Entretanto, a transição apresenta desafios para muitas empresas. Essa mudança pode envolver mudanças no modelo de negócio em si, no produto (por exemplo, acrescentar alguma característica que possibilite o retorno mencionado) e até mesmo em regras ou leis daquele país ou região.

Pensando mais estritamente no nível da firma e do seu ecossistema circular, existe um planejamento com ações que podem facilitar a transformação ou a criação de um modelo de negócio para que o ecossistema consiga cumprir o objetivo da circularidade.

Além do clássico reduzir (usar menos material e energia), desacelerar (usar por mais tempo) e reciclar (reutilizar produtos ou partes deles), a Ellen MacArthur Foundation e a McKinsey desenvolveram um framework que vai um pouco além. Isso é, nesse framework, cada ação apresenta grandes oportunidades de negócios para ecossistemas circulares. Assim como na estrutura de ecossistema apresentada em posts anteriores, é importante lembrar que aqui a interação e interdependência entre os seus atores é de crucial relevância. Mais especificamente para a transição (ou criação) para um ecossistema circular, as forças dos atores são unidas para que de fato as oportunidades possam ser percebidas e aproveitadas com o trabalho conjunto. Assim, os atores podem de maneira conjunta criar valor para o consumidor final por meio de seu ecossistema circular.

Abaixo colocamos o framework supracitado com cada uma das 6 fases.

Fonte: Adaptado de Foundation (2015)

1. Regenerar

Uma ampla gama de ações para proteger e melhorar a biocapacidade do planeta. Aqui temos um afastamento de fontes fósseis limitadas em direção a energias limpas. Isso envolve a recuperação de terras, bem como a restauração ou proteção de ecossistemas. Devolver recursos biológicos à natureza, como a compostagem, também se enquadra nesta categoria.

2. Compartilhar

Aqui a economia compartilhada tem grande importância e abre muitas possibilidades para inovações. Aplicativos que aproveitam a rota do seu dia a dia de trabalho para encontrar outros que façam o mesmo trajeto no mesmo horário são exemplos de como a economia compartilhada se encaixa. Mas muito além disso, compartilhar outros tipos de itens pode vir a acrescentar valor a eles. Esse seria o caso de quando os itens passam a ter utilidade ao invés de simplesmente ficarem parados. Aqui temos um grande campo de possibilidades de inovação para ecossistemas circulares.

3. Otimizar

A otimização se dá basicamente no melhor aproveitamento de materiais e energia na produção e no uso de bens materiais. Na agricultura, mais especificamente, existem muitos processos que geram desperdícios (por exemplo, fertilizantes aplicados sem técnicas modernas para não desestabilizar o ciclo do nitrogênio) e que podem virar alvo de soluções valorosas para ecossistemas circulares.

4. Loop

Os produtos industriais e seus componentes podem ser reciclados ou mesmo remanufaturados. Nesse caso, os materiais são reciclados, circulados novamente e reintroduzidos na economia, em vez de serem perdidos em aterros, por exemplo.

5. Virtualizar

A transformação para o digital talvez seja o que recentemente se pode observar mais diretamente em nossas vidas. Desde filmes que não mais alugamos fisicamente em uma locadora, pois já estão a um clique de controle remoto em nossas televisões, até os diversos produtos que podemos comprar online. As possibilidades de inovação aqui também são inúmeras para os atores que se juntam em um ecossistema circular.

6. Mudar

Talvez o passo mais amplo devido às suas inúmeras possibilidades, a troca de tecnologias antigas por novas pode ser lenta, mas de fato aquela com maior capacidade de escalar e contribuir para uma transformação circular em nível mais macroeconômico. Novas (eficientes) tecnologias tendem a ser de amplo interesse e podem atingir desde a vida em transportes públicos (carros elétricos, por exemplo) até processos em indústrias que não estão diretamente ao alcance dos olhos do público.

Assim encerramos esse o nosso post que trouxe um norte para um dos principais desafios no desenvolvimento de um ecossistema circular. A transição para ou a criação de um modelo de negócio que seja compatível com o objetivo circular pode avançar um pouco com cada um dos passos demonstrados aqui. Apesar de obviamente não ser um processo simples, é cada vez mais necessário para o nosso planeta e de grande potencial de geração de valor para todos.

Até a próxima! =)

Referências

Foundation, E. M. (2015). Delivering the circular economy: A toolkit for policymakers. Ellen MacArthur Foundation.

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